A Vestas, gigante dinamarquesa de produção de peças para indústria eólica, anunciou neste mês de agosto, em sua unidade fabril de Aquiraz, um pacote de medidas para incentivar o fortalecimento desse segmento no Ceará e no Brasil, que incluem investimentos da ordem dos R$ 130 milhões.
A ideia é que os recursos investidos e as iniciativas anunciadas ajudem a criar uma cadeia local de suprimentos para o setor com pouco mais de 100 empresas. Estão entre as novidades:
- A fabricação de turbinas eólicas V163-4,5 MW no parque fabril localizado no município de Aquiraz;
- O estabelecimento de parceria com o Banco Santander, relativa a operações realizadas por fornecedores da Vestas que adotem políticas socioambientais e de governança (a chamada agenda ESG);
- Parceria com o Governo do Estado para concessão de créditos a empresas que instalarem parques eólicos no Ceará.
Segundo o CEO das Vestas, Eduardo Ricotta, um dos principais objetivos é reduzir o custo de energia e tornar o segmento mais competitivo. Sobre a parceria com o Santander, Ricotta disse que o montante envolvido nas operações será inicialmente de R$ 1 bilhão, podendo chegar até R$ 2,5 bilhões.
“Eles vão dar estímulos para os nossos fornecedores em recebíveis. Quanto mais ESG forem as empresas, mais barato é a redução do desconto. Hoje, se você pega o custo de capital, ele está em torno de 1,8% ao mês, mas com essa iniciativa, você consegue 0,65% ao mês”, exemplificou. Na evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que quando uma empresa do porte da Vestas anuncia que vai investir R$ 130 milhões no Brasil, é a certeza de que houve fortalecimento da indústria de energia eólica.“Este investimento significa garantia de empregos, geração de riqueza para a região e crescimento do estado do Ceará”, acrescentou o ministro, que também visitou a empresa Aeris Energy no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
A Aeris é responsável pela fabricação das pás eólicas usadas pela Vestas.“80% do custo do aerogerador utilizado pela Vestas é de conteúdo local, inclusive, as naceles, principal parte do gerador, serão produzidas lá em Pecém. É o fortalecimento da nossa cadeia produtiva nacional, emprego e renda para o povo cearense”, segundo Silveira. O evento no Aquiraz contou, ainda, com a presença do governador do Estado, Elmano de Freitas (PT), além de outras autoridades e executivos da Vestas.
Havia a expectativa da presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que cumpriu agenda mais cedo em Fortaleza ao anunciar o estabelecimento de um polo automotivo no Ceará, o que acabou não ocorrendo. Elmano disse que a transição enérgica que faz a economia do mundo mudar passa por um momento importante, lembrando que as mudanças climáticas são um problema real, usando como exemplo a tragédia climática no Rio Grande do Sul.“Para que isso não avance precisamos ter uma mudança da matriz energética e o trabalho da Vestas é importante neste processo”, afirma.
O governador citou, ademais, que o Estado está comprometido em criar políticas para apoiar o setor renovável, incluindo crédito tributário e acordos para fornecer condições adequadas aos negócios. A ideia é dar continuidade ao trabalho já iniciado nesta área. De acordo com o ministro Silveira, o Brasil se destaca globalmente na energia eólica, especialmente no Nordeste, onde o vento é forte e o sol intenso. Assim, as políticas públicas visam a criação de um extenso parque de distribuição e transmissão de energia no País. A ideia é manter o custo da energia o mais baixo possível a nível nacional, promovendo um círculo virtuoso na economia com a priorização das energias limpas e renováveis, explica o ministro.