Ano após ano, havia no Piauí uma recorrente queixa no senso comum sobre o estado ser superado pelo Ceará em investimentos e ousadia e de estar à sombra do Maranhão. Era uma espécie de limbo no meio de dois Estados com mais oportunidades de negócios e economias mais dinâmicas. Nesta semana, a decisão da União Europeia de despejar milhões de euros em uma planta de hidrogênio líquido no Piauí parece ser o que agora se chama de virada de chave.
O anúncio feito na segunda-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de um investimento de 2 bilhões de euros (R$ 10,7 bilhões) em hidrogênio verde veio acompanhado de uma informação adicional: a construção de um dos maiores projetos de hidrogénio do mundo, no Estado do Piauí.
O projeto faz parte de um investimento europeu de 2 bilhões de euros na cadeia de valor do hidrogênio no Brasil. Assim, não há ainda um valor fechado para o megaprojeto de um novo parque de energia ‘verde’ que vai ter capacidade de produção de 10 gigawatt de hidrogénio e amoníaco limpos, que serão depois enviados para a ilha de Krk, na Croácia”.
As obras na planta de produção de hidrogênio verde (H2V) devem começar no final de 2024, tocadas pela Green Energy Park (GEP), com operações previstas para 2026. Faz sentido, então, que se tenha avançado tanto nas obras do posto de Luís Correia, porque a planta de produção deve ser instalada no litoral do Piauí, de onde o hidrogênio viajará para servir os fornecedores industriais do Sudeste da Europa. Empregos e interação com as cadeiras produtivas locais podem mudar rápida e positivamente a economia da Planície Litorânea do Piauí.
A notícia sobre a decisão da União Europeia de iniciar seus investimentos pelo Piauí deixou os cearenses atônitos. Um deputado estadual, Felipe Mota, do União Brasil, disse que o governador cearense, Elmano Freitas (PT) levou uma rasteira do presidente Lula. O mesmo argumento foi usado pelo deputado Cláudio Pinho (PDT), para quem “passaram a perna no Ceará, mesmo”.
“Fomos golpeados pelo Governo Federal, que, em acordo com a União Europeia, colocou à disposição do Piauí dois bilhões de euros para o hidrogênio verde. E o Ceará, que se dizia na vanguarda desse processo, tomou uma rasteira”, disse o deputado estadual Felipe Mota.
O discurso dos deputados cearenses alterou, assim, uma percepção antiga: a de que o Piauí sempre ficava atrás do Ceará quando o assunto era atração de investimentos, o que representa um paradigma. O Piauí, sempre atrás, pelo menos nesta nova comodity, parte na frente.
Rafael Fonteles destacou a importância da viagem que fez a Europa nos Contatos com autoridades e empresários para atrair potenciais investimentos na área do hidrogênio verde. “Em breve, a população vai sentir os efeitos desse investimento”, pontuou o governador.