O continente europeu é mais otimista com a agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança corporativa) do que os Estados Unidos, segundo o relatório Sustentabilidade em destaque: O ESG perdeu força na sala de reuniões?, divulgado pela empresa americana Diligent com exclusividade para o jornal O Estado de São Paulo.
O levantamento mostra que 56% das empresas da Europa enxergam o ESG como uma oportunidade de negócio, enquanto apenas 30% das empresas dos Estados Unidos têm essa mesma percepção.
Outra diferença significativa entre as duas regiões é em relação à percepção de risco: 34% das empresas americanas percebem questões ESG como riscos, enquanto com as europeias esse número cai para 13%.
Para o vice-presidente da Diligent na América Latina, André Bodowski, a principal explicação para esse cenário é a preocupação histórica da Europa com a temática, em especial com a pauta ambiental. “As leis ESG se iniciaram na Europa do ponto de vista legislativo. O regulatório na Europa é mais rígido, prevê certas penalidades e por isso é de longo prazo.”
Outro fator de peso, segundo ele, são os próprios stakeholders, que adotam uma postura mais séria. Ele cita como exemplo o fato de acionistas da multinacional de petróleo BP terem demonstrado insatisfação com a revisão dos compromissos climáticos adotados pela companhia em abril deste ano, pressionando por planos mais ambiciosos.
Além disso, outra diferença seria o próprio crescimento da agenda anti-ESG nos Estados Unidos. “Pode ser uma das razões para as empresas colocarem o pé no freio. Antes, o ESG era quase uma unanimidade. Agora, o analista vai ver e falar: ‘Legal essa ação pró-ESG, mas vocês viram o movimento contrário?’. Gera uma preocupação, claro”, explica Bodowski.