A primeira molécula de hidrogênio verde gerada no Brasil foi concebida, em janeiro, no litoral cearense. O berço dessa nova energia não é à toa. O Nordeste responde pela maior parcela de geração de energia limpa no Brasil, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). As fontes renováveis estão ganhando cada vez mais espaço na geração brasileira. E pelos planos do Banco do Nordeste (BNB), serão os nordestinos a conduzir essa transformação energética.
Somente nos últimos cinco anos, o banco de desenvolvimento investiu mais de R$ 30 bilhões em projetos de energia renovável na região. Outros R$ 10 bilhões estão previstos ainda para 2023. “O BNB desempenha um papel fundamental na ampliação dos investimentos em energia limpa, e a evolução dos financiamentos para o setor tem sido substancial. Os segmentos eólico e solar representam hoje mais de 70% dos créditos do Banco do Nordeste para energia renovável e estão em expansão. Se compararmos o valor contratado nos primeiros meses do ano passado com os desembolsos desse ano, o crescimento é de 25%”, explica o presidente do BNB, Paulo Câmara.
Segundo o executivo, o banco também está com sua atenção voltada ao hidrogênio verde, por ser um dos combustíveis do futuro. Todos esses investimentos visam a mudança de matrizes fósseis para fontes renováveis na geração de energia elétrica no Brasil. Essa transformação não envolve somente grandes projetos. Pais e mães de família também estão gerando sua própria energia. “As operações do Banco para financiamento de sistemas para geração de energia solar em residências cresceram 55% de 2021 para o ano passado. A quantidade de clientes que contrataram o crédito passou de 3.428 para 5.335 de um ano para o outro, o que demonstra uma maior busca pela autogeração”, afirma. O reflexo disso está nos valores liberados: R$ 133 milhões em 2021 e R$ 184 milhões no ano passado. Alta de 37%.
De acordo com o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), área de pesquisa do BNB, a geração de energia solar cresce, em média, desde 2011, 112% ao ano no Brasil. Para a fonte eólica, esse crescimento é de 40% ao ano. A região Nordeste, pela radiação solar e ventos constantes, desponta como protagonista da mudança da matriz energética do País e concentra a maior parte dos investimentos.
Quase todas as contratações realizadas pelo Banco do Nordeste (BNB) para geração de energia passam pelos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Mas a demanda é tão crescente que é preciso combinar com outras fontes, explica o diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire. “Os valores que o banco tem empregado na melhoria da infraestrutura energética do país vem do diálogo com organismos multilaterais em busca de mais recursos. Assim, temos outras fontes que contribuem, como FI-Infra, Agência Francesa de Desenvolvimento, Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e BNDES”, explica.