O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, afirmou nesta 3ª feira (5.set.2023) que a capacidade de geração de energia no Brasil deve crescer 83% nos próximos anos por causa das fontes renováveis. Segundo ele, o avanço é um motivo de orgulho, mas também traz desafios para o setor elétrico, que precisa se preparar para a expansão da geração solar e eólica.
Desde o início das instalações elétricas no Brasil até os dias atuais, foram construídas usinas com uma capacidade instalada que somam 178 GW (gigawatts) de potência. Daqui para a frente, segundo Feitosa, já estão outorgados mais 150 GW em geração a partir de fontes renováveis.
“A entrada dessas fontes tem mudado consideravelmente nossa matriz elétrica, isso impõe desafios no nosso inteligente SIN (Sistema Interligado Nacional)”, disse durante evento de comemoração dos 25 anos de atuação da Huawei no Brasil, empresa que tem entre seus negócios a oferta de infraestrutura e tecnologia para geração fotovoltaica.
Entre os desafios, o diretor-geral da Aneel destaca que é preciso “preparar os sistemas de transmissão, operação e distribuição” para assegurar ao mercado essa geração e viabilizar esses investimentos. Disse ainda que o país pode aprender com a China e com a própria Huawei como fazer isso.
“É um momento de disrupção. Levamos 5 anos pra fazer uma linha de transmissão, mas um grande parque solar é feito em 1 ano. Nós precisamos casar esses prazos e nos preparar. Mais que nunca é preciso equilibrar esse sistema, garantindo balanço de carga e geração com responsabilidade e segurança”, afirmou.
De acordo com Sandoval, outro debate que precisa ser feito no setor elétrico é de ampliar a eficiência nas tarifas. Ele defendeu novos modelos de cobrança das conta de luz, com faixas de preço por horário e de forma clara para o consumidor.
“A nossa tarifa de energia pode dar os sinais horários para uso de forma mais eficiente, olhando o momento de maior demanda e de ponta. seria mais eficiente deslocar essa ponta para outros momentos através desse mecanismo”.
Sandoval Feitosa afirmou ainda que o setor elétrico se inspira no de telecomunicações para promover o mercado livre de energia, que será ampliado em 2024 para permitir que mais consumidores possam comprar energia do fornecedor que preferirem.
“Temos um exemplo de vanguarda do setor de telecomunicações. Quando a gente fala do mercado livre, a gente tem o exemplo da portabilidade, do acesso a qualquer operadora. Seguramente existem usuários de telefonia no Brasil que talvez nem tenham pacote de voz, apenas de dados, porque só precisam disso. É essa liberdade que queremos também no setor elétrico”, disse Feitosa.