O consumo de energia elétrica no Brasil registrou retração em agosto de 2025, de acordo com os dados divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No período, o volume total consumido chegou a 66.632 megawatts médios (MW médios), o que representa uma queda de 1,4% em relação a agosto de 2024. Apesar disso, o mercado mostrou sinais de recuperação ao apresentar alta de 1% na comparação com julho, encerrando uma sequência de cinco meses consecutivos de retração.
A análise da CCEE reforça a importância de compreender os diferentes ambientes de contratação. O mercado regulado, no qual se concentram os consumidores residenciais atendidos por distribuidoras locais, somou 37.333 MW médios, apresentando queda de 1,2%. Já no mercado livre, em que empresas e grandes consumidores podem negociar diretamente com os fornecedores, o recuo foi mais acentuado, de 1,7%, totalizando 29.299 MW médios.
Após registrar o pico de consumo em fevereiro, o setor energético passou por meses consecutivos de retração. A chegada do outono e do inverno, períodos de temperaturas mais amenas, impactou o uso de equipamentos de refrigeração, como ar-condicionados e ventiladores, reduzindo a demanda.
A recuperação observada em agosto, segundo a CCEE, pode estar relacionada às alterações climáticas típicas da transição para a primavera, que já trazem maior consumo de eletricidade em determinados estados e setores econômicos.
Entre os 15 segmentos da economia monitorados pela CCEE, alguns ramos apresentaram destaque positivo no consumo. O setor de Saneamento registrou o maior crescimento, com avanço de 2,9% em relação a agosto de 2024. Na sequência, aparecem minerais não-metálicos (0,7%) e transporte (0,5%).
Por outro lado, alguns setores tiveram retração expressiva. As telecomunicações apresentaram queda de 5,6%, enquanto o setor químico caiu 5,1% no mesmo período. No total, nove segmentos encerraram o mês em retração.
Entre eles, chama a atenção o setor de serviços, que reúne shoppings e grandes estabelecimentos comerciais, com queda de 5,0%. Por se tratar de um dos maiores consumidores do mercado livre, o desempenho fraco deste segmento ajuda a explicar a retração observada nesse ambiente.
A análise regional feita pela CCEE mostra contrastes significativos no comportamento do consumo de energia. O Acre apresentou a maior alta, com crescimento de 12,1% no comparativo anual. Logo atrás estão Maranhão (7,2%) e Piauí (4,4%), evidenciando uma tendência positiva no Norte e Nordeste do país.
Na outra ponta, alguns estados registraram quedas acentuadas. O Mato Grosso do Sul liderou as retrações, com -8,8%, seguido pelo Amapá (-8,6%), além de Goiás e Rondônia, ambos com queda de 4,5%. Esses resultados refletem diferenças regionais de consumo, que estão ligadas tanto ao perfil econômico de cada estado quanto às condições climáticas locais.
O desempenho de agosto abre espaço para expectativas de recuperação do consumo nos próximos meses. Especialistas do setor apontam que a primavera e o verão tendem a intensificar o uso de energia elétrica, especialmente em áreas urbanas, o que pode impulsionar tanto o mercado regulado quanto o livre.
O levantamento da CCEE, ao detalhar o comportamento por setores e estados, reforça a necessidade de monitorar constantemente a evolução do consumo, uma vez que oscilações climáticas e dinâmicas econômicas têm impacto direto sobre o setor elétrico.