O Brasil vive um momento de contradição e insegurança no setor energético, sob a gestão do governo Lula, que permanece parado e sem ações concretas para impulsionar a infraestrutura necessária à expansão das energias renováveis. Enquanto o país registrou em 2024 uma marca histórica de instalação de capacidade eólica e solar, a crise estrutural no setor revela a ausência de investimentos em linhas de transmissão, armazenamento e melhorias regulatórias, ameaçando todo o avanço conquistado até aqui.
Apesar do reconhecimento internacional pelo seu potencial renovável, o Brasil enfrenta uma crise sem precedentes: cortes sistemáticos na geração de energia limpa, prejuízos bilionários para o setor, desemprego em massa e perda de competitividade. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem imposto restrições que resultam em desperdício de energia, especialmente na geração solar e eólica concentrada no Nordeste, enquanto as demandas do Sudeste permanecem sem conexão eficiente às fontes de geração.
Desde 2020, o governo não tomou medidas efetivas para ampliar a capacidade de transmissão ou garantir o leilão de armazenamento, essenciais para equilibrar a matriz energética e viabilizar a mobilidade elétrica. As promessas de leilões específicos para armazenamento, que poderiam aliviar os efeitos da intermitência das renováveis, foram adiadas para o segundo semestre de 2025, criando um clima de insegurança e desânimo entre investidores e empresas do setor.
A mudança regulatória promovida pela Aneel, que reduziu drasticamente o ressarcimento por perdas de energia renovável agravou ainda mais a crise financeira de empresas que já enfrentam prejuízos de bilhões de reais. Empresas como a 2W Ecobank, Rio Alto Energia e a fabricante de pás Aeris vêm enfrentando demissões, dificuldades financeiras e até processos de recuperação judicial, reflexo direto da ausência de políticas de apoio e de investimentos em infraestrutura.
Além disso, o setor de armazenamento de energia permanece estagnado, com impostos abusivos que chegam a 85%, inviabilizando a adoção de tecnologias essenciais para a diversificação e segurança do sistema. Sem incentivos fiscais, linhas de financiamento específicas e uma política clara de estímulo à inovação, o Brasil continuará refém das usinas termelétricas caras e poluentes assim como o petróleo para suprir a demanda, especialmente no horário noturno, prejudicando a transição para uma mobilidade elétrica sustentável.
A ausência de um marco regulatório eficiente e de investimentos em projetos de infraestrutura compromete também o potencial do Brasil na produção de hidrogênio verde, redes inteligentes e digitalização do sistema energético. Essas iniciativas são estratégicas para posicionar o país como líder global em energia limpa, mas permanecem em segundo plano diante do silêncio e da inércia do governo Lula que só enxerga a exploração de petróleo na bacia da foz do Amazonas, que pode render 14 bilhões de barris de petróleo, o seu “novo pré-sal”.
É urgente que o governo abandone a postura de inércia e passe a atuar com urgência na construção de novas linhas de transmissão, na realização de leilões de armazenamento e na implementação de políticas de incentivo à inovação. Só assim o Brasil poderá superar os obstáculos atuais, garantir a segurança do seu sistema energético e consolidar sua posição de destaque na matriz renovável mundial.
A hora de agir é agora. O futuro energético do Brasil não pode esperar mais.
*Editor do da revista Conecta Energia.