A Petrobras vai instalar dois aerogeradores até 2029 para testar a geração eólica offshore na costa do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro como parte das iniciativas de pesquisa e desenvolvimento (P&D), segundo o diretor executivo de transição energética, Maurício Tolmasquim. Em paralelo, a companhia já tem quatro projetos comerciais em análise nas instâncias internas de governança, em preparação para concorrer quando o governo realizar o leilão de cessão de áreas para esse segmento.
“Queremos instalar dois aerogeradores para ganhar experiência, analisar, se preparar”, disse Tolmasquim a jornalistas durante o Offshore Wind Summit, no Rio, nesta terça (26/3). A empresa já iniciou conversas com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para o acesso às áreas. No Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA), a Petrobras ingressou com pedidos para iniciar o processo de licenciamento ambiental de dez áreas no mar brasileiro com forte potencial para desenvolvimento futuro de projetos de energia eólica offshore, sendo três no Estado do Rio Grande do Norte.
A companhia pretende instalar os projetos Costa Branca I (1,45 GW), Costa Branca II (2,10 GW) e Ginga (1,06 GW), passando pelo mar de municípios como Galinhos, Guamaré, Macau, Porto do Mangue e Areia Branca. A companhia planeja investir US$ 5,2 bilhões em eólica e solar até 2028.
No caso do Sudeste, o local selecionado pela Petrobras para o projeto de P&D está próximo ao Porto do Açu (RJ) e coincide com uma das áreas em que a Petrobras iniciou o licenciamento no Ibama para desenvolver esses projetos.
O diretor explicou que a companhia pretende conversar com fornecedores para trazer ao país a maior turbina disponível para os testes. O valor destinado a esse projeto vai sair das verbas de P&D previstas no plano de negócios da estatal. O plano de investimentos 2024-2028 da Petrobras, anunciado em novembro do ano passado, prevê US$ 3,6 bilhões para pesquisa, desenvolvimento e inovação em cinco anos.
Ao todo, a Petrobras tem pedidos no Ibama para licenciar o desenvolvimento de 30 gigawatts (GW) de eólicas offshore na costa brasileira, sendo que cerca de 7GW fazem parte de uma parceria com a Equinor.
Segundo Tolmasquim, a companhia iniciou a tramitação de quatro projetos comerciais nas áreas internas de governança para acelerar as análises para participar do leilão. Dois projetos estão em áreas no Nordeste, um no Sudeste e um no Sul.
“Temos desejo de participar do primeiro leilão de cessão de áreas, mas para isso é necessário ter estudo, uma análise preliminar, para quando ocorrer o leilão estarmos preparados”, afirmou.
Durante participação no evento, Tolmasquim destacou que acredita que o marco legal para o setor em tramitação no Senado está “razoável”, mas criticou as emendas acrescentadas ao projeto de lei que não tratam do tema das eólicas offshore.
“Isso é bastante lamentável e é o que está impedindo que já se tenha um marco regulatório para esse setor no Brasil”, afirmou.
Segundo o diretor, outros desafios para o desenvolvimento de projetos de geração eólica offshore no Brasil são a falta de um planejamento espacial marítimo e de um planejamento da rede de transmissão para acomodar os novos projetos. Além disso, o diretor também citou o licenciamento ambiental e a infraestrutura portuária como questões que vão demandar adaptações para que os projetos avancem.
“O principal desafio é saber qual é o modelo de negócios e, se ele depender de alguma política governamental, vamos ter que ter essa política”, disse. A cadeia de suprimentos é outro ponto de preocupação. “Muita coisa vai ter que vir de fora, mas outras vão ter que ser feitas aqui também”, afirmou.
Offshore no RN
O Ibama já recebeu 14 pedidos de licenciamento para a instalação de complexos eólicos offshore o litoral potiguar. Eles devem ser desenvolvidos na próxima década e resultar, segundo prevê a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec/RN), investimentos na ordem de R$ 60 bilhões. Pela última atualização de processos de licenciamento ambiental de eólicas offshore abertos no Ibama até 18 de janeiro de 2024, os 14 parques somam um potencial para gerar 25,4 GW (GigaWatts). Eles se estendem pelo litoral Norte do Estado, entre as regiões onde ficam os municípios de Touros e Areia Branca.
Projetos da Petrobras no IBAMA RN:
Costa Branca I – empresa Petroleo Brasileiro s/a – Petrobras – potência 1.4 GW
Costa Branca II – empresa Petroleo Brasileiro s/a – Petrobras – potência 2.1 GW
Ginga – empresa Petroleo Brasileiro s/a – Petrobras – Potência 1 GW
A Petrobras prevê US$ 3,6 bilhões o plano de investimentos 2024-2028 para pesquisa, desenvolvimento e inovação em cinco anos.